Hoje acordei às 5h da manhã com uma energia diferente no ar. Energia essa que atendia pelo nome de Nyara, já no modo turbo, correndo pra tomar banho. O problema? Hoje é o primeiro dia do feriado prolongado. O detalhe? Tente explicar isso pra uma garotinha no espectro autista nível 3 de suporte, não verbal, e que tem uma rotina mais firme que promessas de ano novo.
Nyara já saiu do banho em ritmo de dia escolar, apontando pro uniforme. Eu, ainda com um olho fechado e outro tentando abrir com a força do pensamento positivo, comecei meu mantra:
“Nyara... Escola fechada. Feriado.”
“Nyara... Feriado, sem aulas.”
“Nyara... Hoje é feriado.”
Sim, foram milhares de vezes. Com voz calma e bem baixinho para tentar não acordar a Paola e pelo menos uma pessoa nessa casa conseguir dormir um bocadinho a mais no recesso. Sem usar a palavra “não” (porque mãe atípica sabe que o “não” às vezes aciona um botão de pânico interno nível hard). E então… veio o silêncio dramático... Mas com lágrimas. Muitas lágrimas.
Chutou a porta onde fica o uniforme como quem diz “eu sei que vocês estão aí, blusa branca e calça jeans!” Me empurrou até a porta de casa com uma cara tipo “ou você abre, ou a gente vai ter problema, dona Jussara!”
Depois de um bom tempo, e um cansaço que só quem já explicou o conceito de feriado para uma pessoa com rigidez cognitiva entende...
Nyara agora está:
Sentada no sofá.
Me olhando com uma cara de “a senhora me paga”.
Com a TV ligada, mas claramente ofendida.
Café da manhã? Só se for com paz, porque confiança entre nós duas neste momento... tá em observação.
Mas aí, às 11h19, o milagre cotidiano aconteceu:
Ela aceitou calçar o chinelo, pois estava com o tênis na mão até agora, foi até a cozinha e tomou café da manhã. Vitória silenciosa para uma manhã turbulenta.
Dicas para outras mães atípicas em dias de quebra de rotina:
🔹 Use frases curtas e afirmativas – Evite o “não”. Em vez de “hoje não tem escola”, diga “hoje é feriado”, “escola fechada”, ou “sem aula”.
🔹 Antecipe sempre que possível – Se der, avise com um ou dois dias de antecedência sobre mudanças na rotina. Pode ser com imagens, calendários ou pistas visuais.
🔹 Ofereça escolhas simples – “Você quer sofá ou quarto?” “Vamos tomar café com pão ou fruta?” Isso ajuda a recuperar um pouco de controle emocional.
🔹 Mantenha algum elemento da rotina – Mesmo em dias de folga, manter um pequeno ritual (como o lanche no mesmo horário ou uma música específica) pode oferecer previsibilidade e acolhimento.
🔹 Respire fundo, você também importa – Cuide de você. Nem que seja uma pausa de dois minutos no banheiro com o espelho dizendo: "Você é forte. Você é maravilhosa."
Ser mãe atípica é isso:
Criar dicionários de frases-resumo.
Prever emoções com a precisão de um xamã.
E segurar a onda quando o mundo diz “descansa, mulher!”, mas teu filho diz “agenda é lei!”
Feliz recesso e feriado para quem ainda está de pijama. Por aqui, já estou de uniforme emocional completo!
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