quinta-feira, 17 de abril de 2025

Bom Feriado? Será?!


 Bom Feriado? Será?!

Hoje acordei às 5h da manhã com uma energia diferente no ar. Energia essa que atendia pelo nome de Nyara, já no modo turbo, correndo pra tomar banho. O problema? Hoje é o primeiro dia do feriado prolongado. O detalhe? Tente explicar isso pra uma garotinha no espectro autista nível 3 de suporte, não verbal, e que tem uma rotina mais firme que promessas de ano novo.

Nyara já saiu do banho em ritmo de dia escolar, apontando pro uniforme. Eu, ainda com um olho fechado e outro tentando abrir com a força do pensamento positivo, comecei meu mantra:
“Nyara... Escola fechada. Feriado.”
“Nyara... Feriado, sem aulas.”
“Nyara... Hoje é feriado.”

Sim, foram milhares de vezes. Com voz calma e bem baixinho para tentar não acordar a Paola e pelo menos uma pessoa nessa casa conseguir dormir um bocadinho a mais no recesso. Sem usar a palavra “não” (porque mãe atípica sabe que o “não” às vezes aciona um botão de pânico interno nível hard). E então… veio o silêncio dramático... Mas com lágrimas. Muitas lágrimas.

Chutou a porta onde fica o uniforme como quem diz “eu sei que vocês estão aí, blusa branca e calça jeans!” Me empurrou até a porta de casa com uma cara tipo “ou você abre, ou a gente vai ter problema, dona Jussara!”

Depois de um bom tempo, e um cansaço que só quem já explicou o conceito de feriado para uma pessoa com rigidez cognitiva entende...

Nyara agora está:
Sentada no sofá.
Me olhando com uma cara de “a senhora me paga”.
Com a TV ligada, mas claramente ofendida.
Café da manhã? Só se for com paz, porque confiança entre nós duas neste momento... tá em observação.

Mas aí, às 11h19, o milagre cotidiano aconteceu:
Ela aceitou calçar o chinelo, pois estava com o tênis na mão até agora, foi até a cozinha e tomou café da manhã. Vitória silenciosa para uma manhã turbulenta.

Dicas para outras mães atípicas em dias de quebra de rotina:
🔹 Use frases curtas e afirmativas – Evite o “não”. Em vez de “hoje não tem escola”, diga “hoje é feriado”, “escola fechada”, ou “sem aula”.
🔹 Antecipe sempre que possível – Se der, avise com um ou dois dias de antecedência sobre mudanças na rotina. Pode ser com imagens, calendários ou pistas visuais.
🔹 Ofereça escolhas simples – “Você quer sofá ou quarto?” “Vamos tomar café com pão ou fruta?” Isso ajuda a recuperar um pouco de controle emocional.
🔹 Mantenha algum elemento da rotina – Mesmo em dias de folga, manter um pequeno ritual (como o lanche no mesmo horário ou uma música específica) pode oferecer previsibilidade e acolhimento.
🔹 Respire fundo, você também importa – Cuide de você. Nem que seja uma pausa de dois minutos no banheiro com o espelho dizendo: "Você é forte. Você é maravilhosa."

Ser mãe atípica é isso:
Criar dicionários de frases-resumo.
Prever emoções com a precisão de um xamã.
E segurar a onda quando o mundo diz “descansa, mulher!”, mas teu filho diz “agenda é lei!”

Feliz recesso e feriado para quem ainda está de pijama. Por aqui, já estou de uniforme emocional completo!


#MaternidadeAtípica
#FeriadoSemFolga
#BlogMaternidadeemEscrevivência:EntreoTípicoeoAtípico

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